OPOSIÇÃO PRECISA SE REINVENTAR PARA CHEGAR VIVA EM 2024
Assim como na maioria esmagadora dos municípios brasileiros, Brotas escolheu seu novo prefeito no dia quinze de novembro. De lá para cá, entre feridas abertas e outras cicatrizadas, o clima de normalidade começa a pairar no ar indicando a continuidade da vida; afinal não há, senão esse, o percurso seguido pelos ganhadores e perdedores. Sobre o primeiro grupo, a partir do próximo mês, centrado na figura de Dr. Kleber, inicia-se o governo com a exigência do cumprimento das promessas estabelecidas na campanha, tendo como aliada uma Câmara de Vereadores bem receptiva.
Já a parte derrotada, carrega a complexa tarefa de se organizar e formar um bloco oposicionista de qualidade, capaz de contrapor os possíveis abusos, em fiscalizar a gestão e, o mais importante, manter uma articulação inteligente pensando na formação de novas lideranças para mudar a forma de como se pensa e se faz política por aqui. O primeiro passo nesse longo caminho é compreender os resultados das urnas e tatear as causas por trás deles. Nada é por acaso! Contudo, havia sim uma tendência e, por displicência ou má estratégia adotada, ela foi potencializada e imputou tal desfecho.
De acordo com algumas considerações daqueles atentos ao panorama político brotense, cessou finalmente o pingue-pongue maçante entre o PT e o grupo de Antônio Kleber. O argumento sustenta-se pela entrada de Edilson Campos no cenário catapultado por uma votação expressiva, suficiente para fazer-nos crer em uma ampliação em 2024. Além disso, mesmo com atuação discreta, o professor Cleiton parece ter se firmado como uma opção alternativa, quebrando o monopólio assentado desde o pleito de 2008. Entretanto, engana-se quem atesta acerca da morte figurativa do PT e de seu candidato Litercílio Júnior.
De fato, ambos possuem forças e não devem ser menosprezados no processo. O PT brotense constituiu-se na década de noventa, mas só disputou mesmo em 2000, sem nenhuma relevância em quantidade de votos. Somente em 2004, com a senhora Generosa Araújo como líder, conseguiu certo destaque; chegando ao poder quatro anos mais tarde e alternando no comando da prefeitura desde então. Com essa trajetória partidária, somada ao reconhecimento ostentado por Júnior, uma relação simbiótica formou-se marcada por êxitos e reveses. As histórias dos dois se confundem e é quase impossível imaginarmos um descolamento nesse sentido.
Ao passo disso, é salutar também trabalharmos com a ideia de novos nomes. A última eleição nos mostrou quatro projetos distintos para um mesmo município, dentro de uma visão de mundo particular entre eles. Logo, por que não seguir qualificando esse campo? Talvez você pense o quanto isso possa parecer inútil, pois, mesmo com o cardápio diversificado, as duas propostas mais bem colocadas foram aquelas já conhecidas. Todavia, olhar o recorte desse jeito é simplificar a política somente em ganhar ou perder, rejeitando seu espírito formativo e o de fornecer possibilidades para melhorar a vida das pessoas.
Ventilar novos quadros faz parte de uma interpretação de futuro genuinamente compassada com o discurso de modernização da política, tão em alta Brasil afora. Porém, que fique claro: é necessário rechaçar com ênfase essa preleção de negar a política; isso é estapafúrdio e demonstra um equívoco sem precedente. Conjuntamente, os atores, sendo conhecidos ou não, se equivalem em importância e são essenciais na construção de vias democráticas e de excelência para o povo brotense. Por conseguinte, o produto extraído daí será singular, mas igualmente reputado perante aos atos empreendidos na sua formatação.
Diante dessa demanda, esforços contínuos precisarão ocorrer, especialmente na seara do diálogo. E, infelizmente, no horizonte atual de Brotas os sinais vão do inócuo ao vazio. Para o otimista, quatro anos são suficientes para organizar, costurar e aparar as arestas; o realista mais centrado tende a discordar da afirmativa. Uma oposição benéfica e intelectualmente articulada muitas vezes leva uma década para se edificar. Isso, é claro, quando os protagonistas entendem a conjuntura e abrem mão das vaidades e da sede pelo poder. E por mais que isso seja clichê, se o leitor observar bem, notará com clareza o quão esse expediente foi a tônica no último pleito.
Por fim, cumpre-se a finalidade do texto de provocar essa e outras questões nas mentes dos Homens inquietos e incomodados com os rumos tomados por nosso querido município. A política tem mais a ver com o futuro do que com o presente; muito embora, em Brotas, parte da população teime em discordar da premissa, realçando o passado como um artigo contemporâneo. Numa guerra, em situações desfavoráveis, recuar pode ser o diferencial para colecionar uma vitória mais à frente; pois permite aos soldados reagruparem e se fortalecerem. A analogia se encaixa ao momento vivido em Brotas; quiçá seja mesmo tempo para se reagrupar, com a expectativa vigorosa de colher bons frutos adiante.
Fotos da Internet
03/12/2020
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