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quinta-feira, 27 de março de 2025

A TRISTE REALIDADE DA SECA NA REGIÃO DE IRECÊ: UM CLAMOR POR SOCORRO, POR FERNANDA DOURADO

(Por Fernanda Dourado - Artigo publicado na Tribuna da Bahia nesta quarta-feira, 26/03.

Nasci em Irecê e estou sempre no município, acompanhando de perto suas transformações e desafios. Vi a cidade crescer e vi também a seca castigar aqueles que vivem da terra. Desde pequena, aprendi a olhar para o céu e esperar pela chuva. A vida no sertão sempre foi assim: feita de fé, trabalho árduo e da incerteza de quando a terra voltaria a ser molhada. Cresci vendo meu pai, produtor rural, contar os dias, rezar e torcer para que as nuvens trouxessem a água que alimentava as plantações.

Quando eu era pequena, me recordo de passar por uma avenida em Irecê e admirar a quantidade de caminhões carregados de feijão. Aquela cena era o retrato de uma cidade próspera, que se orgulhava de sua produção agrícola. Irecê já foi chamada de “Capital do Feijão”, e em 2000 a última grande safra atingiu a marca de 5 milhões de toneladas.

Com o tempo, a agricultura local se diversificou. No lugar das vastas plantações de feijão, surgiram novas culturas, como cebola, tomate e milho. A modernização da produção, aliada à irrigação, trouxe novas oportunidades para os agricultores da região. No entanto, agora, a seca ameaça até mesmo esse avanço. O que antes era símbolo de crescimento e prosperidade, hoje enfrenta a incerteza da falta de água. Os poços artesianos, antes um alívio em tempos difíceis, agora cospem lama em vez de água. O que sustentava vidas, hoje apenas reafirma o desespero de quem vê a terra morrer pouco a pouco.

As lavouras estão secas, os animais definham, e a economia local está ruindo.

Nesta terça-feira (25) no plenário do Parlamento baiano, o deputado estadual Pedro Tavares (União Brasil) fez um apelo, solicitando que o governo tome providências imediatas e estabeleça um comitê de crise para avaliar as medidas emergenciais que precisam ser adotadas com urgência. Para ele, as ações concretas devem ser implementadas antes que o colapso se instale completamente.

Já o deputado estadual Cafu (PSD), representante da base governista, informou que nesta quarta-feira a Comissão de Meio Ambiente do Parlamento realizará, a pedido dele, uma audiência pública com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) para discutir a demora na liberação das outorgas d’água na região. Segundo o legislador, a burocracia tem sido um obstáculo para muitos produtores que precisam de autorização para explorar fontes hídricas e garantir a irrigação das plantações e a sobrevivência dos rebanhos.

Seja na oposição ou na base governista, o consenso é claro: a seca em Irecê exige uma resposta urgente. Os agricultores, pecuaristas e comerciantes já estão sentindo os efeitos devastadores da estiagem.

Hoje, com mais tecnologia e assistência técnica, a produção de cebola cenoura, tomate, milho e até mesmo a pinha para exportação se tornaram alternativas viáveis para o desenvolvimento da região. Mas, sem água, nem a modernização é capaz de resistir.

Fernanda Dourado é editora-chefe do site Bahia Repórter, consultora e especialista em política, há mais de 20 anos. A jornalista é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia – onde apresenta programas políticos desde a fundação da emissora. Escreve no Bahia Repórter às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter

Via Bahia Reporter
Foto Reprodução
Da Redação, 27/03/2025

A TRISTE REALIDADE DA SECA NA REGIÃO DE IRECÊ: UM CLAMOR POR SOCORRO, POR FERNANDA DOURADO
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