CARROS APREENDIDOS ABARROTAM AS RUAS DA CIDADE
Os transeuntes da Praça dos Três Poderes, de quina com o beco da Rua São José, na qual se encontra a sede da Delegacia, se impressionam, a cada passagem, pela mudança ocorrida no local. Há mais de oito anos o recorte da cidade se transformou num grande galpão a céu aberto de carros apreendidos. E o cenário é bem diversificado, indo desde os automotivos com suas latarias enferrujadas, até motocicletas alienadas sem os pneus. O saldo disso é termos canteiros abarrotados de velharias e ruas desfiguradas com aparência medonha. Talvez a pergunta planada na cabeça do leitor seja: quem pode resolver essa situação? E eu emplaco outra: quais são as adversidades geradas por essa circunstância?
Começando pela segunda, o contratempo diz respeito à saúde pública. O amontoado converteu-se em recipiente para difusão da dengue e outras doenças afins. Em tempos de chuva, a água acumulada nos compartimentos dos veículos serve de berço para proliferação do mosquito. Nesse caso, por parte da equipe de endemias, é necessária atenção redobrada naquele ponto com acompanhamento perene nos períodos chuvosos. Além disso, outros animais, como escorpiões e aranhas, se abrigam nas carcaças, podendo causar acidentes com quem por ali transita.
Há também o inconveniente afetando o padrão estético da região. Embora não seja um dos cartões postais da cidade, naquele trecho se localizam órgãos importantes dos Poderes Constituintes de Brotas: a Câmara, a Prefeitura e a Delegacia, essa última representação máxima da esfera civil caracterizada na figura do delegado. Assim, parece ser de mau gosto a ostentação de um contorno empilhado com tranqueiras servindo apenas para desqualificar as vias públicas e contribuir com a feiura do ambiente.
Nem é preciso mencionar o prejuízo causado para com a mobilidade urbana. Ali, de pedestres a motoristas, todos saem perdendo. Os primeiros por não contarem com as calçadas como apoio na travessia; e os condutores pela perda de visão, sobretudo quando estão subindo em direção a um dos costados. Exsurge, do mesmo modo, o encurtamento da rua exigindo habilidade de quem trafega. Logo, fica evidente que a locomoção no decurso está comprometida demandando um movimento de reparo na conjuntura.
Os carros e motos, alvos de apreensão, geralmente são artigos usados em roubos ou ações do tipo, ou ainda quando estão em descompasso com as leis. Retidos pela polícia, eles ficam alojados em determinado lugar esperando a regulamentação. O mais provável é que os veículos sejam arrematados em leilões organizados pela Justiça. É de responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública da Bahia acondicionar todo o contingente utilizando o próprio pátio do Detran para tal. Decerto, o erro se encontra na atuação da Secretaria em não despachar os automóveis até os locais de destino.
Mesmo não sendo incumbência do poder municipal, cabe ao prefeito tentar acelerar a solução do problema, pressionando a esfera Estadual. Uma medida viável seria a aprovação de um Projeto de Lei visando destinar um espaço apropriado para guardar os carros e motos apreendidos. De repente, caso o Detran não disponha de área para acomodação, uma parceria entre a Prefeitura e a Secretaria para a construção de um galpão, e assim alojar todo o material dando um suspiro para a paisagem.
De fato, algo precisa ser feito para resolver a questão, ou daqui a pouco o recinto defronte à delegacia não mais suportará; e a praça, ou campo de pouso, serão as próximas vítimas. Esperar mais oito anos para pensar em uma solução é tempo demasiadamente longo; enquanto isso a população perece com as vicissitudes geradas por tamanho descaso. Dentro de um contexto normalizado, penso ser possível empreender esforços para a resolução do quadro, mas, como todos nós já sabemos, para isso necessita de uma dose de boa vontade e de disposição frente ao interesse coletivo.
Fotos da Redação
26/10/2020
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