A Gente Que Faz - Seremos Melhores Pós Pandemia?
Por Rôney Araújo
As mudanças trazidas pela pandemia do novo Coronavírus tendem a transformar profundamente a sociedade e a vida no planeta Terra. Essa ressignificação ocorre em um momento completamente adverso, nem mesmo imaginado nas mentes mais férteis dos roteiristas americanos. Medos, angústias, receios, fazem parte de uma perspectiva caótica alicerçada, principalmente, no sentimento da perda, fazendo-nos redefinir nossas prioridades com o foco unicamente na sobrevivência.
A reação frente aos desafios proporcionados por esse cenário pandêmico varia conforme, mais ou menos, a importância dada por cada um. Há aqueles negacionistas. Descrentes do evento, esses sujeitos concentram suas energias em teorias mirabolantes. Já outros preferem agir com imediatismo, procurando apoiar suas decisões em pessoas, a fim de encontrar razoabilidade no contexto. Alguns conservam o estado de letargia, com postura passiva e cautelosa. Enfim, o modo de lidar são múltiplos e está diretamente relacionado com a personalidade do indivíduo.
De maneira categórica, há quem afirme que o ser humano sairá dessa jornada mais solidário, prestativo e com espírito coletivo apurado. Essa afirmação, em tese, é passível de defesa, uma vez entendendo as razões por trás do raciocínio, afinal, em situações conturbadas, as quais ameaçam exterminar a raça humana, espera-se união das pessoas para vencer a tormenta. Contudo, na realidade, o egoísmo e o individualismo não desaparecem, e muitos aproveitam essa desordem para enganar, lucrar ou tirar vantagens ilícitas.
De fato, temos uma oportunidade de ouro para trabalharmos valores importantes, até então esquecidos na gaveta do nosso ser. A solidariedade é um desses. Ela possibilita enxergarmos o outro como semelhante, quebrando as barreiras sociais e nos conectando com a verdadeira essência responsável por estarmos aqui: a coletividade. Sim, só conseguimos sobreviver ao longo das eras porque sempre vivemos em grupos. Por meio dessa organização construirmos nossas defesas e desenvolvemos a inteligência, habilidade essa preponderante por nos manter vivos.
Novamente temos a chance de reescrever a história, nos tornando seres melhores e rompendo com velhos paradigmas incapacitantes os quais nos impedem de crescermos. Obviamente, toda essa adequação impele força de vontade e capacidade criativa. O mundo jamais voltará a ser como um dia foi. Logo, o modelo de sociedade será remodelado para fazer jus ao novo arranjo. A visão por esse prisma tem a ver com um despertar intimamente ligado com a intelectualidade, com a consciência coletiva e, quiçá, com a espiritualidade.
Trata-se, portanto, de uma tomada de decisão permeada por ações propositivas, de esperança e de afeto, consigo e com o próximo. A horda que abrigará esse repertório dependerá exclusivamente da aprendizagem adquirida durante o percurso. Se formos atentos aos sinais e os repercutirmos como ferramenta efetiva de mudança, nutriremos sucesso na empreita, caso contrário, repetiremos a tarefa outra vez em um novo tempo, e até lá sofreremos com os resultados amargos.
A resposta para o título do artigo eu não tenho. Talvez, penso eu, nem você. E quer saber? Isso não é importante. As implicações da crise sanitária estão aí, nossa postura diante delas é a valiosidade em questão. Sabemos o quão é urgente nosso melhoramento como pessoa e também temos ciência dos caminhos a seguir, basta-nos ter a coragem de irmos à luta. Toda mudança começa isoladamente, para depois ganhar força e adesão. Então, mudemos o que nos incomoda para impulsionarmos os outros a fazerem o mesmo, assim criaremos uma rede virtuosa e transformadora.
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