HOMENAGEM A UM BROTENSE
ARTHUR DA SILVA CAMPOS FILHO – MANIM
Arthur da Silva Campos Filho - Manim
Hoje dia 21 de Setembro 2016 – Celebramos
o Centenário de Nascimento de um saudoso brotense, Arthur da Silva Campos Filho,
Manim, como era carinhosamente chamado por seus familiares, parentes e amigos.
Seus Pais - Artur da Silva Campos e Ricardina Rosa Campos
Arthur da Silva Campos Filho foi nascido
em Brotas de Macaúbas, em 21 de Setembro de 1916, era o filho primogênito de duas
das mais tradicionais famílias brotenses; De um lado, a família, Rosa de sua
mãe Ricardina dos Santos Rosa, a qual era descendente de Maria dos Santos Rosa
e Joviniano dos Santos Rosa, “o Major Vena” como era conhecido. E, do lado Paterno, a Família Campos de seu
pai Arthur da Silva Campos Filho, descendente de Antônia Campos e Francisco
José da Silva, o famoso “Chico Rico”.
Este ano, nesta data, se ainda
estivesse entre nós, seria o seu centenário. Mas, mesmo não estando presente
fisicamente, sempre estará espiritualmente presente em nossas vidas, sendo lembrado
e amado por todos aqueles que puderam compreender a grandiosidade de sua alma e
admiravam a sua bondade.
Manim, como era carinhosamente
chamado entre familiares, parentes e amigos, era um filho amoroso e dedicado
aos seus pais e, sempre foi cumplice de seus irmãos, com os quais vivia uma
verdadeira união, onde prevalecia, além da amizade e carinho, o respeito e
solidariedade, assim sempre esteve presente na vida de seus irmãos Idalice,
Eunice, Nivaldo, Vena e Dilce, bem como com seus cunhados João Queiroz, Durval
Campos e Vanderlino Martins e de todos os seus sobrinhos e parentes.
Até os 18 anos, Manim viveu em
Brotas, onde aprendeu a arte da marcenaria com o seu genitor e, o que mais
tarde seria o seu passaporte para ingressar na Empresa de Eletrificação do
Estado de São Paulo - LIGHT.
Casa que construiu em 1932, quando só tinha 16 anos
Seu maior sonho era casar e, aos 16
anos, começou a construir uma casa. Dizia que a casa tinha que ter um quintal
grande onde se refugiaria ao menor sinal de contrariedade, para não brigar com
a esposa, como o casamento, não chegava, colocou a casa a disposição de seus
irmãos e assim, Eunice, a primeira a se casar foi morar na casa e mais tarde
acabou por adquiri-la.
Viagem a São Paulo no Vapor da Companhia de Navegação do São Francisco
Ao atingir a maioridade, partiu para
a capital do Estado de São Paulo, fazendo aquela longa viagem, boa parte dela
embarcado em um Vapor. Manim, seguindo o conselho de seu avô, Major Vena, foi a
viagem inteira vestido num terno, o que lhe abriu várias portas, por estar bem
apresentável.
Chegando a São Paulo, iniciou a busca
de um emprego, conseguindo uma vaga na Empresa de Pneus Firestone, e logo que
recebeu seu primeiro salário, colocou metade do que recebera, em um envelope e
mandou para o pai, dali por diante, nunca deixou faltar nada para sua família, sempre
reforçando o orçamento de seu pai, o mestre Arthur Campos, que até ai vivia com
pequeno e incerto recurso oriundo da marcenaria.
Ricardina com seus netos
O trabalho na Firestone não deu
certo, Campos filho, como era chamado, na fabrica, não adaptou ao sistema de
alternância dos turnos de trabalho diários e noturnos; Decidido a mudar de
emprego, viu um anúncio no jornal onde dizia: precisa-se de nivelador. Manim
sentiu-se à vontade para buscar aquela oportunidade, lembrando-se da
experiência adquirida na marcenaria de seu pai, ainda em sua terra natal,
porém, ao chegar na “LIGHT” tomou conhecimento que não era aquele tipo de
nivelador que necessitavam, mas, ao ver a ficha do candidato, o chefe de RH
admirou-se da caligrafia impecável, dos bons modos e boa apresentação do
candidato, vestido em seu terno, e deu-lhe a chance que precisava. A partir daí
a imensa dedicação de Campos Filho, que se empenhou nos estudos como
autodidata, lhe rendeu uma rápida ascensão dentro da Empresa, onde permaneceu até
se aposentar como Engenheiro Agrimensor Prático, trinta e cinco anos depois,
tendo dado grande contribuição, com seu trabalho na implantação de diversas
centrais hidrelétricas no Estado de São Paulo.
Manim Trabalhando no Campo - Engenheiro Agrimensor Pratico
Durante todos esses anos que viveu em
São Paulo, Manim se preparava cuidadosamente para o esperado período de férias,
em Brotas. Com todo amor e carinho, escolhia presentes, tecidos, roupas, sapatos,
bombons, brinquedos, tudo que sabia que iria agradar seus entes queridos, seus
amigos e conterrâneos.
Assim todos os dias de sábado a
comunidade Brotense tinha um encontro marcado na rodoviária de São Paulo, era o
embarque dos brotenses no ônibus da TRANSKOLIN e lá, com certeza estava Manim,
despachando cartas e remédios, conforme anunciava todas as madrugadas de
segunda feira, no programa Alvorada Caboca, as 5:00h da manhã, o locutor da Rádio
Nacional de São Paulo, Nhô Zé, que com uma voz macia e pausada, anunciava mais
ou menos assim: “Atenção, Atenção, Brotas de Macaúbas, Dona Ricardina, Idalice,
Eunice e Dilce, seu filho Manim avisa que enviou cartas e remédios pelo senhor,
fulano de tal e, oferece o próximo número musical a todo o povo brotense. E de
quando em vez entrava “ao vivo” uma dupla caipira que, em homenagem ao amigo
Manim, adicionaram Brotas de Macaúbas a letra de uma de suas músicas. Este
aviso de Manim era aguardado pela população brotense, alguns pela simples
curiosidade, em ver o locutor de rádio de São Paulo, falar de Brotas de
Macaúbas e outros para saber quem estava vindo de São Paulo para Brotas,
naqueles tempos, de difícil comunicação, muitas famílias tomavam conhecimento
da vinda de seus familiares, através dos avisos. Era
muita emoção, para o povo brotense, que madrugava nas manhãs de segunda feira
para escutar o “aviso de Manim”.
Nestas encomendas que mandava, todas as semanas, estavam cartas aos seus pais, irmãos, cunhados e sobrinhos, a Revista Manchete, encomendas e pequenas lembranças, além de cédulas novinhas com as quais presenteava a todos, assim a cada semana era uma festa a chegada da remessa de Tio Maninho, sendo que, ao contrario do que dizia seus avisos na rádio nacional, não tinha remédios, era só um disfarce para que o aviso fosse dado no programa de Nhô Zé, e também para desviar possíveis interesses de mal interessados.
Carta de Tio Manim para Lucilia um demonstração de seu carinho com todos
Durante muitos e muitos anos, com
ainda acontece atualmente, o mês de dezembro era marcado tanto pelas esperadas
chuvas, quanto pela visita de inúmeros brotenses moradores em São Paulo e
outros estados, era exatamente no final do ano, a época preferida dos filhos
brotenses para visitar a terra natal e, uma visita certeira era a de
Manim. Aliás, a chegada dele a Brotas
era aguardada ansiosamente por todos, não só os familiares, mas toda a
população, afinal, Manim era uma pessoa muito gentil, atencioso e agradável a
todos, indistintamente, principalmente as crianças, pois em sua bagagem era
recheada com muitos quilos de chocolates e bombons finos da Kopenhagen, além de
brinquedos, roupas, sapatos e muitas moedas, também as famílias amigas eram
lembradas e presenteadas com pequenas lembrancinhas, que iam desde ferro elétrico,
passando por panelas, tesourinhas, porta agulhas, sandálias, sapatos, cortes de
tecidos, uma infinidade de presentes, inclusive dinheiro em cédulas novinhas,
trocadas diretamente na Casa da Moeda do Brasil, para que o presenteado tivesse
o prazer de receber uma cédula novinha em folha, ou seja, que nunca fora sequer dobradas, assim contemplava
a todos as famílias brotense.
Irmãs - Idalice, Eunice e Dilce
Em todas as férias a família Rosa e a
comunidade brotense eram tomadas pela felicidade, Dona Ricardina, e suas filhas
se esmeravam para preparar comidas, doces, arrumar a casa. Seus sobrinhos,
afilhados, parentes enfim, todos aguardavam a tão esperada férias do querido
Manim. Assim, a cada ano, mês de dezembro, transformava-se em verdadeira festa cheia de amor, alegrias e
presentes.
Irmãos Nivaldo e Joviniano (Vena)
Na família dedicava atenção a todos,
tinha em Idalice a conselheira, Eunice um porto seguro, principalmente nos
momentos de tristezas, Nivaldo, Vena e seus cunhados, grandes amigos e apoiadores,
parceiros de festas e do dia a dia, dos aperitivos e das brincadeiras, no
entanto, não era segredo para ninguém, o carinho especial por sua irmã caçula,
Dilce, a qual além de irmã era afilhada e, o seu querer bem por ela era tamanho que, ficava a advinhar
suas vontades para assim realiza-las o mais rápido possível, tendo participado de
todas as etapas de sua vida, desde criança, passando pelo casamento, quando
além de presenteá-la com uma casa, construída especialmente para ela, coordenou
pessoalmente a festa de seu casamento mandando de São Paulo 200 litros de vinho
moscatel, para brindar a alegria daquele dia, por fim, participou ativamente da
criação e dos estudos de todos os seus filhos, tendo recebido da irmã, em
retribuição a tanto amor e dedicação, dois dos seus filhos como afilhados, o
primogênito Artur Henrique e a primeira filha, Marília, a quem chamava
carinhosamente de princesinha Marília.
Prof. Lurdes Leite Campos a eterna namorada
Depois de 35 anos de São Paulo, de
trabalho e de dedicação à família, aos amigos, aos parentes e amigos, a chegou
a merecida aposentadoria e, Manim retornou a Brotas, desta vez para ficar, a
dedicação a família, lhe distanciou do sonhado casamento, pois sempre sua
prioridade era cuidar dos seus pais, de seus ente queridos,
o que contribuiu para por fim em alguns relacionamentos promissores, com uma a prima, a professora Lurdes Leite
Campos.
De volta a Brotas restabeleceu a marcenaria
de seu pai, a velha “Tenda”, instalada nas portas do fundo da morada, recuperou
antigos equipamentos, bancos de madeira, verdadeiras bancadas de trabalho, recuperou
o antigo torno, agora movido à energia elétrica, e voltou a produção de trabalhos
manuais de madeira, em especial de Jacarandá, produzindo pequenos objetos de madeira torneada,
como cabides, abridores de garrafa, caixas de madeira para guardar utensílios. Além de prestar serviços de sapateiro, colando
sapatos, de todas as pessoas que lhe procurava, também consertava panelas de
pressão, amolava facas e tesouras, consertava óculos, em fim estava sempre
pronto a atender a qualquer pessoa que a procurasse, ‘de quando em vez, alguém
deixava um sapato velho, uma panela que não tinha mais conserto, quando voltava
para pegar o objeto, recebia um sapato novo, uma panela nova. Todo serviço
prestado gratuitamente para toda a população. Outra ação diária era distribuir bênçãos
e dinheiro, a todos que se aproximavam dele. Agraciando desde pessoas de boas
condições até os mais humildes.
Manim sempre esteve ligado aos estudando
Católico de batismo, mas espírita por
convicção, tinha sua espiritualidade aflorada, sem, contudo, deixar de
participar das celebrações religiosas, seguindo a tradição familiar de costumes
católicos. Assim, participava das celebrações católicas mais dedicava parte do
seu tempo ao estudo e a leitura de obras do espiritismo, em especial livros
mediúnicos, e mensagens psicografadas por Chico Xavier.
Outra atividade que adotou,
especialmente para ocupar o tempo, foi a jogo de dama, passava horas e horas, estudando
as jogadas mais ousadas, para envolver seus parceiros favoritos, Zeca de
Timóteo, Betão, paizinho Matias Ildomar e outros que as vezes vinha do interior
do município apenas para umas partidas de dama.
Em Brotas, ganhou o reconhecimento da
população ao implantou em sua “tenda” uma sirene, assim todos os dias, exceto
aos domingos, pontualmente, às sete horas da manhã, ao meio dia e às seis horas
da tarde, durante muitos anos consecutivos, tocava a sirene, sinalizando para
os trabalhadores o horário de entrar e sair do trabalho, no que era apreciado
pela população, a qual desde o início adotou o sinal da “Sirene de Seu Manim”
como referencia aos afazeres cotidianos.
Manim com Lucilia
Era assim, Arthur da Silva Campos
Filho, “Manim” com carinhosamente era chamado, um homem de modos simples, que
apesar de ter boa condição financeira, nunca ostentou luxo e riqueza, sempre
optou por pela humildade e todas as suas conquistas materiais foram colocadas à
disposição daqueles que o cercavam.
Artur da Silva Campos Filho, 88 anos dedicados aos família, parentes e amigos
se estivesse vivo completaria hoje 21 de setembro de 2016, um centenário de vida
Homem de fé, de esperanças, inteligente, que sempre ajudou ao próximo sem se preocupar com riqueza e por onde passou deixou o um pouco do seu perfume, da sua generosidade, o que certamente lhe ajudou a ocupa um bom lugar, por merecimento e misericórdia divina, na eternidade.
Por fim, queremos dizer a Arthur da
Silva Campos Filho, “Manim”, “Seu Manim” “Tio Manim” ou “Maninho” que neste momento
de homenagem, queremos manifestar a nossa saudade e o nosso reconhecimento por
tudo que fez em seus 88 anos de vida.
Seu exemplo de bondade e amor será
sempre lembrado por nós.
Salve 21 de Setembro de 2016, ano em
que se fosse vivo estaria completando 100 anos de idade.
Texto: Wanderley Rosa Matos/ Marília Rosa Matos/ Lucilia Rosa Matos
Fotos: Arquivo de Wanderley Rosa Matos
Contato: fone/Zap:
77 99136 0706
e-mail: wanderleymatos2000@gmail.com
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